quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Esse mundo já era - Como viver no Antropoceno - Mil Nomes de Gaia


Esse mundo já era

Como viver no Antropoceno


por Bernardo Esteves
Fonte: http://revistapiaui.estadao.com.br/edicao-97/despedida/esse-mundo-ja-era
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Podcast: Numa conversa com Paula Scarpin, Bernardo Esteves conta o que os cientistas sociais têm a dizer sobre o aquecimento global, e explica por que estamos nos despedindo do Holoceno.
http://revistapiaui.estadao.com.br/so-no-site/podcasts/ouvir/esse-mundo-ja-era
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Numa sexta-feira de agosto, foram abertas as inscrições para Os Mil Nomes de Gaia, colóquio que reuniria no Rio de Janeiro pensadores de vários países que vêm refletindo sobre a mudança do clima e a crise ambiental global. Atraído pelas estrelas acadêmicas de primeira grandeza, o público esgotou em cerca de uma hora e meia os ingressos para cada um dos cinco dias de programação.
Realizado na terceira semana de setembro, na Casa de Rui Barbosa, em Botafogo, o evento também teve transmissão pela web. Foi concebido pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, do Museu Nacional da UFRJ, pela filósofa Déborah Danowski, da PUC do Rio, e pelo antropólogo francês Bruno Latour, do Instituto de Estudos Políticos de Paris, ou Sciences-Po.
Na semana do colóquio, a NOAA, agência federal americana que monitora os oceanos e a atmosfera, anunciou que a temperatura média da superfície do planeta registrada em agosto foi a mais alta para esse mês desde 1880, quando as medições começaram a ser feitas de modo sistemático. A continuar nesse ritmo, 2014 pode se tornar o ano mais quente já documentado, na contramão da suposta estagnação do aquecimento global alardeada pelos céticos do clima.
O aquecimento da Terra, a faceta mais falada da crise ambiental, integra um quadro de ameaças não menos perturbadoras, como a acidificação dos oceanos ou a perda acelerada da biodiversidade e da cobertura vegetal, todos eles processos interligados. A riqueza de detalhes com que a catástrofe vem sendo descrita contrasta com a inércia de governos, empresas e sociedades civis – um relatório divulgado em setembro mostrou que em 2013 as emissões de gases do efeito estufa aumentaram 2,3% em relação ao ano anterior.

No ano 2000, o biólogo americano Eugene Stoermer e o químico holandês Paul Crutzen, prêmio Nobel em 1995, propuseram que se alterasse a linha do tempo com que os cientistas medem os éons, épocas e períodos geológicos, de modo a refletir as transformações no planeta causadas pelas atividades do homem. Segundo eles, as marcas da ação humana continuarão visíveis por milênios, gravadas nas camadas geológicas da Terra. Paleontólogos de um futuro longínquo – ou mesmo de outra civilização, caso a nossa venha a ser dizimada – provavelmente saberão identificar a alteração brusca na composição da atmosfera e as demais mudanças ambientais que provocamos, por meio dos fósseis de incontáveis espécies extintas, rejeitos radioativos, toneladas de plástico e outros rastros da nossa passagem devastadora pelo globo.
A essa época em que nossa espécie se tornou uma força geológica, Stoermer e Crutzen sugeriram dar o nome Antropoceno. Numa aula recente, Viveiros de Castro explicou que o conceito marca um colapso de escalas – a história do planeta e a da espécie humana, antes nas mãos de disciplinas distintas, agora se confundem. “O capitalismo passa a ser um episódio da paleontologia.”
Desde que foi proposto, o termo Antropoceno vem sendo apropriado por especialistas de várias disciplinas. No entanto, a União Internacional de Ciências Geológicas, guardiã da escala do tempo, ainda não o adotou oficialmente. A ideia esteve na pauta do último congresso da entidade, em 2012, quando uma comissão discutiu se o sinal da presença humana nas camadas geológicas é forte e distinto o bastante para justificar a formalização de uma nova época. Discussão inconclusiva, decisão adiada para o congresso de 2016: até lá, continuamos vivendo no Holoceno, iniciado há 12 mil anos, ao final da última glaciação.
Não há consenso sobre quando teria começado o Antropoceno. Crutzen vê sua origem na invenção da máquina a vapor em 1784, marco da Revolução Industrial, mas há quem prefira situá-la no início da agricultura, na era dos grandes descobrimentos ou no início da era nuclear – cada recorte com suas implicações políticas. O nome da nova época também é motivo de discórdia. Ao atribuir a transformação planetária ao anthropos, o termo Antropoceno joga a culpa sobre toda a espécie, embora uns sejam mais responsáveis do que outros. O sociólogo Jason Moore propôs o nome Capitaloceno, enfatizando o modo de produção responsável pelas mudanças globais. “Essa opção focaliza as causas mais que as consequências, mas perde de vista o fato de que é possível sair do capitalismo, mas não do Antropoceno”, ponderou Viveiros de Castro. “Quando o capitalismo acabar, o planeta vai continuar registrando, por muito tempo, os efeitos da Revolução Industrial e da emissão de gás carbônico.”

Odia da palestra de Bruno Latour – o nome de maior projeção dentre os convidados do colóquio – foi o primeiro a ter as entradas esgotadas. Nascido na Borgonha há 67 anos, Latour se formou em filosofia e atuou como sociólogo e antropólogo das ciências. Nas últimas quatro décadas, tem proposto uma nova forma de enxergar a produção do conhecimento científico, rejeitando noções como o excepcionalismo humano ou o dualismo entre natureza e sociedade, e entre sujeito e objeto. Conquistou uma legião de seguidores em várias disciplinas, mas também alguns críticos. No ano passado, recebeu o prêmio Holberg, citado em seu currículo como “o equivalente mais próximo do Nobel para as humanidades e ciências sociais”. Criado em 2003 pelo governo norueguês, o prêmio já foi concedido a nomes como Jürgen Habermas e Manuel Castells.
Latour usa óculos de armação grossa e tem os cabelos pretos repartidos de lado, contrastando com o grisalho das fartas sobrancelhas e do cavanhaque. Durante um almoço na semana do evento, ele contou que seu interesse pela crise ecológica começou nos anos 90, quando orientou doutorados sobre controvérsias ambientais, fez um estudo para o Ministério do Meio Ambiente e escreveu Políticas da Natureza. “Mas foi por volta de 2005 que passei a me interessar por Gaia, incorporando o termo como figura da atualidade.”
O químico James Lovelock se inspirou em Gaia – deusa mãe da mitologia grega que personifica a Terra – para batizar a hipótese que descreve o planeta como um sistema complexo autorregulável, com comportamento semelhante ao de um organismo vivo. Sua proposta, formulada nos anos 70, projetou a imagem de Gaia, que fez sucesso na cultura pop e entre alguns cientistas, mas nem todos compraram a ideia. Junto com outros colegas, Latour vem redefinindo o conceito em livros, artigos e conferências. Na abertura do colóquio, o francês alertou para o risco de um pensamento holístico que despreze a multiplicidade de Gaia. “Se a tratarmos como uma totalidade, ela será apenas uma possibilidade de recarregar as formas de modernismo que se esgotaram justamente por causa da crise ecológica.”
Em suas últimas publicações e conferências, Latour tem mostrado como a crise ambiental é marcada por um novo tipo de controvérsia, cuja resolução já não pode ser arbitrada pela ciência. “É fácil entender por que as pessoas não correm para depositar confiança nos resultados dos cientistas”, considerou o francês. “Eles anunciam fatos que estão tão bem estabelecidos quanto os fatos mais bem estabelecidos da história das ciências, mas pedem que você mude sua vida.”
Para Latour, a crise põe em xeque as distinções tradicionais entre fatos e valores, forjadas num mundo em que a ciência cuida dos objetos, e a política, dos sujeitos. Mas não há como fazer ciência desinteressada no mundo de Gaia. Latour notou que afirmar que a água ferve a 100 graus centígrados é uma coisa; constatar que a concentração atmosférica de gás carbônico chegou a 400 partes por milhão, como aconteceu em 2013, é outra bem distinta. “Nenhum climatologista pode ouvir essa frase e passar a outro tópico”, ele lembrou. “A constatação soa como uma sirene ensurdecedora.”
E, no caso dele próprio, a gravidade de suas reflexões não o impele à ação? “Sempre desconfiei dos intelectuais engajados”, respondeu Latour, que acredita ser mais útil fazendo o que faz – dando aula, mobilizando estudantes e propondo a discussão pública do tema. E, desde 2010, fazendo teatro, que lhe oferece um meio mais flexível para intervir no debate sobre a mudança climática. Seu projeto Gaïa Global Circus já deu origem a duas peças, uma das quais coescrita por ele próprio. Do Rio, o francês embarcou para Nova York, onde armaria o Circo de Gaia na semana em que a cidade recebeu a Cúpula do Clima da onu e a Marcha do Povo pelo Clima, a maior manifestação já feita em torno da causa, com 300 mil pessoas.
Latour condenou o desdém de alguns colegas pelo tema ambiental. “Na França e no Brasil, a questão continua a despertar um sorriso nos intelectuais que, uma vez que leram Foucault e Deleuze e foram vagamente de esquerda, pensam já ter feito seu trabalho para o resto da existência”, disse o francês. “Chamo a isso de quietismo ambiental. No fundo, creio que eles estejam mais próximos dos céticos.”

Aideia de reunir pensadores que refletem sobre a crise ambiental surgiu em 2012, na casa de Eduardo Viveiros de Castro e Déborah Danowski em Teresópolis, numa conversa com Bruno Latour e sua mulher, Chloé. O antropólogo brasileiro pretendia estimular um debate que ainda é tímido entre seus colegas. “No Brasil, é muito pequena a reflexão das ciências humanas e sociais sobre as mudanças climáticas”, disse. “Essa discussão está pegando fogo no mundo todo, mas a ficha não caiu aqui.”
Ao lado de Déborah, Viveiros de Castro tem tratado do tema em suas intervenções públicas, seja em conferências, seja nas redes sociais. Na semana do colóquio, lançaram Há Mundo por Vir? Ensaio Sobre os Medos e os Fins – um livro que Latour recomenda ler “como se toma uma ducha gelada”, para nos prepararmos para o pior.
Na abertura do colóquio, o antropólogo brasileiro lamentou que o tema do aquecimento global estivesse ausente da imprensa e da agenda eleitoral. Assinalou também uma coincidência irônica: na mesma semana, o Rio de Janeiro sediava outro evento internacional, a Rio Oil & Gas 2014, uma feira da indústria petrolífera que tinha entre os patrocinadores Petrobras, Shell, Total, Statoil, ExxonMobil e outros gigantes do setor que mais emite gases-estufa. O evento recebeu dezenas de milhares de participantes em seus quatro dias, inclusive o vice-presidente Michel Temer, em campanha para a reeleição. “É eloquente o fato de estarmos dividindo o espaço do Rio de Janeiro com os grandes responsáveis por boa parte da crise climática mundial”, disse Viveiros de Castro.
Em sua conferência, sublinhou a importância de o aquecimento global ser discutido pelas humanidades. “Sabemos muito bem o que está acontecendo e quem é o responsável, o que não sabemos é o que fazer e como, e isso está inteiramente fora das competências dos cientistas do clima”, disse. Viveiros de Castro ironizou a proposta que o biólogo americano Edward Wilson fizera semanas antes, de reservar metade do planeta para os organismos não humanos. “Ele não diz exatamente onde vai ficar essa metade, e nem em qual metade ficarão os Estados Unidos”, disse, arrancando risos. “É a típica ideia de jerico de um cientista natural americano. Por isso nós, cientistas antinaturais, precisamos entrar no jogo.”
O time escalado para o colóquio contou sobretudo com filósofos, historiadores e cientistas sociais, mas também incluiu pesquisadores das ciências naturais, como o físico Alexandre Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará e editor do blog O que Você Faria Se Soubesse o que Eu Sei? Costa disse que não estava ali para dar boas notícias. Projetou slides que ilustravam o ritmo inaudito do aquecimento do sistema climático, o crescimento da forçante radiativa e o risco da emissão na atmosfera de uma quantidade assombrosa de metano estocada nopermafrost ártico. “A besta climática está acordando”, resumiu.
Quando o microfone foi aberto ao público, uma senhora se disse bouleversée, em sintonia com o espírito algo francófilo que permeava o encontro. Sua ficha acabara de cair. “Estou extremamente chocada. Queria fazer uma pergunta ao Alexandre e a todos que detêm esse tipo de conhecimento: Você tem filhos? Como consegue dormir e ser feliz todos os dias?” Costa sacou da mala duas caixas de remédio e agitou-as no ar: “Como eu consigo levar adiante?”, perguntou à plateia. “Jogando dopado!”
Numa conversa no dia seguinte, o físico afirmou que gostaria de provocar reações como aquela em todo mundo. Mas, além da preocupação, ele deseja mobilização. “Uma década atrás precisávamos da esperança das pessoas; hoje queremos o desespero.”

Outro nome estrelado do colóquio foi a belga Isabelle Stengers, uma química convertida em filósofa da ciência que é autora ou coautora de mais de vinte livros e professora da Universidade Livre de Bruxelas desde 1997. Em 2009, lançou No Tempo das Catástrofes: Resistir à Barbárie que Vem Aí, uma reflexão sobre a crise ecológica sem edição em português. Propôs ali a imagem da “intrusão de Gaia” para caracterizar a irrupção irreversível do planeta no primeiro plano de nossas vidas, chamando a atenção dos colegas para o conceito de Lovelock.
Nascida em 1949, Stengers é uma senhora de olhar vivo e fala envolvente. Numa entrevista no último dia do colóquio, ela falou sobre a situação inédita com que se deparam as ciências naturais. “Os cientistas do clima precisam de apoio. Eles devem desconfiar de seus aliados tradicionais – as empresas e o Estado –, que podem se apropriar completamente do problema com consequências catastróficas.” Para a pensadora belga, o momento é de cooperação. “As ciências humanas podem lhes dar a imaginação que a sua formação não lhes deu sobre as consequências que não lhes são familiares”, afirmou. “Se eles puderem povoar sua imaginação, talvez fiquem menos vulneráveis.”
Escalada para a conferência de encerramento, Stengers fez um balanço das discussões travadas durante a semana. Em tom grave, observou que no futuro talvez sejamos confrontados por questionamentos similares aos dos jovens alemães nascidos no pós-guerra, quando descobriram os horrores do Holocausto: “Vocês sabiam, e o que fizeram?” Ela se disse hesitante entre o pesadelo e a vergonha. “Daqui a trinta ou quarenta anos seremos a geração mais odiada.”

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Neil deGrasse Tyson X Philosophy of Science

Neil deGrasse Tyson and the value of philosophy

Fonte: http://scientiasalon.wordpress.com/2014/05/12/neil-degrasse-tyson-and-the-value-of-philosophy/
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It seems like my friend Neil deGrasse Tyson [1] has done it again: he has dismissed philosophy as a useless enterprise, and actually advised bright students to stay away from it. It is not the first time Neil has done this sort of thing, and he is far from being the only scientist to do so. But in his case the offense is particularly egregious, for two reasons: first, because he is a highly visible science communicator; second, because I told him not to, several times.
Let’s start with the latest episode, work our way back to a few others of the same kind (to establish that this is a pattern, not an unfortunate fluke), and then carefully tackle exactly where Neil and a number of his colleagues go wrong. But before any of that, let me try to halt the obvious objection to this entire essay in its tracks: no, this isn’t about defending “my” turf, for the simple reason that both philosophy and science are my turf [2]. I have practiced both disciplines as a scholar/researcher, I have taught introductory and graduate level classes in both fields, and I have written books about them both. So, while what follows inevitably will unfold as a defense of philosophy (yet again! [3]), it is a principled defense, not a petty one, and it most certainly doesn’t come from any kind of science envy.
Neil made his latest disparaging remarks about philosophy as a guest on the Nerdist podcast [4], following a statement by one of the hosts, who said that he majored in philosophy. Neil’s comeback was: “That can really mess you up.” The host then added: “I always felt like maybe there was a little too much question asking in philosophy [of science]?” And here is the rest of the pertinent dialogue:
dGT: I agree.
interviewer: At a certain point it’s just futile.
dGT: Yeah, yeah, exactly, exactly. My concern here is that the philosophers believe they are actually asking deep questions about nature. And to the scientist it’s, what are you doing? Why are you concerning yourself with the meaning of meaning?
(another) interviewer: I think a healthy balance of both is good.
dGT: Well, I’m still worried even about a healthy balance. Yeah, if you are distracted by your questions so that you can’t move forward, you are not being a productive contributor to our understanding of the natural world. And so the scientist knows when the question “what is the sound of one hand clapping?” is a pointless delay in our progress.
[insert predictable joke by one interviewer, imitating the clapping of one hand]
dGT: How do you define clapping? All of a sudden it devolves into a discussion of the definition of words. And I’d rather keep the conversation about ideas. And when you do that don’t derail yourself on questions that you think are important because philosophy class tells you this. The scientist says look, I got all this world of unknown out there, I’m moving on, I’m leaving you behind. You can’t even cross the street because you are distracted by what you are sure are deep questions you’ve asked yourself. I don’t have the time for that. [Note to the reader: I, like Neil, live and work in Manhattan, and I can assure you that I am quite adept at crossing the perilous streets of the metropolis.]
interviewer [not one to put too fine a point on things, apparently]: I also felt that it was a fat load of crap, as one could define what crap is and the essential qualities that make up crap: how you grade a philosophy paper? [5]
dGT [laughing]: Of course I think we all agree you turned out okay.
interviewer: Philosophy was a good Major for comedy, I think, because it does get you to ask a lot of ridiculous questions about things.
dGT: No, you need people to laugh at your ridiculous questions.
interviewers: It’s a bottomless pit. It just becomes nihilism.
dGT: nihilism is a kind of philosophy.
The latter was pretty much the only correct observation about philosophy in the whole dialogue, as far as I can tell.
As I mentioned above, this isn’t the first time Neil has said things like this. For instance, during the q&a with the audience following one of his many (and highly enjoyable) public appearances [6], he was asked by a spectator: “would you rather die now or live forever?” To which his somewhat condescending reply was: “I never believe that the options available to a creative person are ever limited by the choices offered by a philosopher.” Which may be a very sophistic way of just not answering the question.
There is more: during a conversation with Richard Dawkins (another frequent offender), Neil was asked a question from the audience about philosophy of science and Stephen Hawkins’ declaration that philosophy is dead [7].
Here is Neil’s reply, in full:
“Up until early 20th century philosophers had material contributions to make to the physical sciences. Pretty much after quantum mechanics, remember the philosopher is the would be scientist but without a laboratory, right? And so what happens is, the 1920s come in, we learn about the expanding universe in the same decade as we learn about quantum physics, each of which falls so far out of what you can deduce from your armchair that the whole community of philosophers that previously had added materially to the thinking of the physical scientists was rendered essentially obsolete, and that point, and I have yet to see a contribution — this will get me in trouble with all manner of philosophers — but call me later and correct me if you think I’ve missed somebody here. But, philosophy has basically parted ways from the frontier of the physical sciences, when there was a day when they were one and the same. Isaac Newton was a natural philosopher, the word physicist didn’t even exist in any important way back then. So, I’m disappointed because there is a lot of brainpower there, that might have otherwise contributed mightily, but today simply does not. It’s not that there can’t be other philosophical subjects, there is religious philosophy, and ethical philosophy, and political philosophy, plenty of stuff for the philosophers to do, but the frontier of the physical sciences does not appear to be among them.”
Well, Neil, consider this your follow-up call, just as you requested. Not that you didn’t get several of those before. For instance, even fellow scientist and often philosophy-skeptic Jerry Coyne pointed out that you “blew it big time” [8] when you disinvited philosopher David Albert from an event you had organized at the American Museum of Natural History, and that originally included a discussion between Albert and physicist Lawrence Krauss (yet another frequent philosophy naysayer [9]). Moreover, when you so graciously came to the book launch for my Answers for Aristotle a couple of years ago, you spent most of the evening chatting with a number of graduate students from CUNY’s philosophy program, and they tried really hard to explain to you how philosophy works and why you had a number of misconceptions about it. To no avail, apparently.
So here we are again, time to set you straight once more. This, of course, is not just because I like you and because I think it is in general the right thing to do. It is mostly, frankly, because someone who regularly appears on The Daily Show and the Colbert Report, and has had the privilege of remaking Carl Sagan’s iconic Cosmos series — in short someone who is a public intellectual and advocate for science — really ought to do better than to take what amounts to anti-intellectual (and illiterate) positions about another field of scholarship. And I say this in all friendship, truly.
Since I’m sure this sort of accident will happen again in the future (whether at your hand or someone else’s), I figured I’d present my case as I would in a classroom, as a series of bullet points to keep handy any time someone  asks you again to comment about philosophy. So here we go:
  • Contra popular perception, philosophy makes progress, though it does so in a different sense from progress in science. You can think of philosophy as an exploration of conceptual, as opposed to empirical, space, concerning all sorts of questions ranging from ethics to politics, from epistemology to the nature of science. Imagine a highly dimensional landscape of ways of thinking about a given question (such as: do scientific theories describe the world as it is, or should we think of them rather as simply being empirically adequate? [10]). The philosopher explores that landscape by constructing arguments, entertaining counter-arguments, and either discarding or refining a certain view. The process does not usually lead to one final answer (though it does eliminate a number of bad ones), because conceptual space is much broader than its empirical counterpart, which means that there may be more than one good way of looking at a particular question (but, again, also a number of bad ways). Progress, then, consists in identifying and “climbing” these peaks in c-space. If you’d like, I’ll send you the draft of a book I’m finishing for Chicago Press that expands on this way of looking at philosophy, provides a number of specific examples, and compares and differentiates progress in philosophy from progress in a number of allied disciplines, including science, mathematics and logic.
  • Another popular myth is that philosophy keeps dwelling on the same questions, the implication being that, again, it doesn’t settle anything and consequently cannot move on to something else. But if “the same questions” are defined broadly enough, we can raise the very same criticism about science itself. I mean, your own profession of cosmology has been dwelling on “the same question” (the origin and evolution of the universe) since the pre-Socratic atomists (philosophers, by the way). And my discipline of biology has been concerned with the nature of adaptation since Aristotle’s (another philosopher!) articulation of his four fundamental causes. I’m not being flippant here, truly. Of course there are plenty of more specific sub-questions in cosmology (or evolutionary biology), some of which have indeed been settled; and of course we have made tremendous progress on the broader picture as well (usually, by settling some of the sub-questions). But the same — at a different scale and within a different time frame — can be said of philosophy, or mathematics, or logic.
  • You and a number of your colleagues keep asking what philosophy (of science, in particular) has done for science, lately. There are two answers here: first, much philosophy of science is simply not concerned with advancing science, which means that it is a category mistake (a useful philosophical concept [11]) to ask why it didn’t. The main objective of philosophy of science is to understand how science works and, when it fails to work (which it does, occasionally), why this was the case. It is epistemology applied to the scientific enterprise. And philosophy is not the only discipline that engages in studying the workings of science: so do history and sociology of science, and yet I never heard you dismiss those fields on the grounds that they haven’t discovered the Higgs boson. Second, I suggest you actually look up some technical papers in philosophy of science [12] to see how a number of philosophers, scientists and mathematicians actually do collaborate to elucidate the conceptual and theoretical aspects of research on everything from evolutionary theory and species concepts to interpretations of quantum mechanics and the structure of superstring theory. Those papers, I maintain, do constitute a positive contribution of philosophy to the progress of science — at least if by science you mean an enterprise deeply rooted in the articulation of theory and its relationship with empirical evidence.
  • A common refrain I’ve heard from you (see direct quotes above) and others, is that scientific progress cannot be achieved by “mere armchair speculation.” And yet we give a whole category of Nobels to theoretical physicists, who use the deductive power of mathematics (yes, of course, informed by previously available empirical evidence) to do just that. Or — even better — take mathematics itself, a splendid example of how having one’s butt firmly planted on a chair (and nowhere near any laboratory) produces both interesting intellectual artifacts in their own rightand an immense amount of very practical aid to science. No, I’m not saying that philosophy is just like mathematics or theoretical physics. I’m saying that one needs to do better than dismiss a field of inquiry on the grounds that it is not wedded to a laboratory setting, or that its practitioners like comfortable chairs.
  • Finally, Neil, please have some respect for your mother. I don’t mean your biological one (though that too, of course!), I am referring to the intellectual mother of all science, i.e., philosophy. As you yourself seem to have a dim perception of (see your example of Newton), one of the roles of philosophy over the past two and half millennia has been to prepare the ground for the birth and eventual intellectual independence of a number of scientific disciplines. But contra what you seem to think, this hasn’t stopped with the Scientific Revolution, or with the advent of quantum mechanics. Physics became independent with Galileo and Newton (so much so that the latter actually inspired David Hume and Immanuel Kant to do something akin to natural philosophizing in ethics and metaphysics); biology awaited Darwin (whose mentor, William Whewell, was a prominent philosopher, and the guy who coined the term “scientist,” in analogy to artist, of all things); psychology spun out of its philosophical cocoon thanks to William James, as recently (by the standards of the history of philosophy) as the late 19th century. Linguistics followed through a few decades later (ask Chomsky); and cognitive science is still deeply entwined with philosophy of mind (see any book by Daniel Dennett). Do you see a pattern of, ahem, progress there? And the story doesn’t end with the newly gained independence of a given field of empirical research. As soon as physics, biology, psychology, linguistics and cognitive science came into their own, philosophers turned to the analysis (and sometimes even criticism) of those same fields seen from the outside: hence the astounding growth during the last century of so called “philosophies of”: of physics (and, more specifically, even of quantum physics), of biology (particularly of evolutionary biology), of psychology, of language, and of mind.
I hope you can see, dear Neil, that it isn’t just that there are more things in heaven and earth than are dreamt of in our philosophy, but also that there is more active, vigorous, interesting, and intellectually respectable philosophy to be explored than you and some of your colleagues have been able to dream of so far. Please, keep that in mind the next time someone asks you about it. Or ask them to give me a call.
Postscript: I sent a preview of this essay to Neil, and a frank, civil email exchange has followed it over the past few days. However, I’m afraid neither one of us has really conceded an inch to the other’s position. We’ll see if we can do better in person over a couple of drinks.
As for a possible reply from Neil, I have, of course, invited him to submit one. Here is his reply, verbatim: “I generally reply to things if, and only if, they are writing about something that I judge to be untrue about me, or that they have misunderstood about what I have said. Neither is the case with you.”
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Massimo Pigliucci is a biologist and philosopher at the City University of New York. His main interests are in the philosophy of science and pseudoscience. He is the editor-in-chief of Scientia Salon, and his latest book (co-edited with Maarten Boudry) is Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem (Chicago Press).
[1] Whom I interviewed twice for the Rationally Speaking podcast: once on the value of space exploration, the second time on the meaning of atheism.
[2] For a rundown of my dual academic career, go to PlatoFootnote.org.
[3] See the wonderful book by one of Scientia Salon contributors, Rebecca Goldstein: Plato at the Googleplex: Why Philosophy Won’t Go Away.
[4] The relevant bits start at 20’ 19” into the show.
[5] Speaking of philosophy and crap, please do yourself a favor and read the wonderful On Bullshit, by (philosopher) Harry G. Frankfurt.
[6] Here is the clip.
[7] Starts at 1hr 2’ 46” or thereabouts.
[8] Jerry Coyne on Neil deGrasse Tyson.
[9] On Krauss, also a Rationally Speaking podcast guest, see twoessays I wrote for the Rationally Speaking blog.
[10] This is known as the realism-antirealism debate in philosophy of science. A good introduction can be found at the Stanford Encyclopedia of Philosophy.
[11] On the idea of category mistakes.
[12] Excellent sources include the journals Philosophy of Science, published by Chicago Press, and The British Journal for the Philosophy of Science, published by Oxford. I’m willing to bet one of your favorite drinks, hot chocolate with double whipped cream, that you’ve never actually perused either one of them. If I win, you buy me a dirty martini.