Mostrando postagens com marcador Filosofia da Ciência. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Filosofia da Ciência. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 30 de junho de 2015

Criatividade, Intuição e Racionalidade na Criação Científica


A ciência criativa

Físico-filósofo francês aborda discussão sobre o papel da criatividade e da intuição, orientadas pela racionalidade, na produção científica. Para ele, entender o processo da descoberta pode ser o maior desafio da filosofia da ciência.
Por: Marcelo Garcia, Ciência Hoje On-line
Publicado em 11/12/2013 | Atualizado em 11/12/2013

A ciência criativa
Como se dá a descoberta científica? Para o filósofo Michel Paty, invenção e intuição, guiadas pela racionalidade, fazem parte desse processo. (Montagem: Marcelo Garcia; originais: Flickr/ El coleccionista de instantes/ woodleywonderworks – CC BY 2.0)
Como surge a descoberta científica? Qual a sua origem? E qual o papel da criatividade nesse processo, no próprio avanço da ciência? Tais indagações, que inquietam e instigam a filosofia da ciência, certamente não têm respostas fáceis ou definitivas, mas podem ajudar a expandir nosso entendimento sobre o próprio fazer científico e sobre a trajetória da ciência nos últimos séculos. Para o físico, filósofo e historiador da ciência francês Michel Paty, diretor de pesquisa emérito do Centro Nacional para a Pesquisa Científica (CNRS, do francês), há na ciência lugar para a invenção e a intuição, orientadas pela racionalidade.
Em palestra no Colégio Brasileiro de Altos Estudos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o francês abordou, em um português simpático e cheio de sotaque, as mudanças no entendimento filosófico sobre a ciência nos últimos 200 anos. Ele recordou as inovações da ciência que ainda no século 19 afrouxaram o laço entre matemática e natureza, mostrando a distância entre experiência e abstração teórica.
Naquela época, criações como a geometria não euclidiana, que não corresponde à ‘evidência’, e teorias físicas matematizadas e abstratas em eletricidade e magnetismo teriam tornado mais claro o papel dainvenção na construção da ciência, segundo Paty. “Apesar disso, na segunda metade do século 20, a concepção da ciência continuava a se basear, de maneira dominante, nas ideias herdadas do empirismo lógico, e a filosofia não estudava, em geral, o processo de descoberta, que ainda parecia dominado pela subjetividade e alheio à racionalidade”, afirmou.
Paty: A criatividade é parte fundamental do processo de elaboração dos conhecimentos científicos e deve ser levada em conta tanto pelafilosofia quanto pela história daciência
Apesar dessa predominância, o francês destacou que a aproximação entre criatividade e processo científico foi estudada por grandes cientistas e filósofos do século 20 – em especial dois deles, Henri Poincaré e Albert Einstein, cujos trabalhos estudou ao longo dacarreira. “Ambos concebiam a descoberta de novidades relacionadas ao conhecimento objetivo como fruto da capacidade de invenção da mente, baseada numa intuição racional que escapa às formas usuais do raciocínio, como a dedução lógica”, disse. “Dessa forma, mesmo que nem sempre seja possível observar as linhas de raciocínio, chega-se a um resultado racional”, analisou.
Nesse contexto, a invenção teria seu lugar assegurado na ciência. Fundamental, a criatividade seria, sim, pessoal (relacionada ao pensamento de sujeitos individuais), mas orientada pela racionalidade – que, por sua vez, não se identifica com a pura e simples lógica. Segundo Paty, essa criatividade seria parte fundamental do processo de elaboração dos conhecimentos científicos e deve ser levada em conta tanto pela filosofia quanto pela história da ciência.
Confira uma entrevista concedida à CH On-line pelo físico e filósofo francês:

Michel PatyCH On-line: O senhor é físico e filósofo, duas áreas que buscam compreender o mundo. Há uma relação natural entre elas?
Paty:
 Esses dois campos sempre foram próximos. Desde a Antiguidade, muitos físicos, muitos cientistas também eram filósofos, se debruçavam sobre as questões do mundo pelas duas vias. Foi só a partir do século 18 que essa separação começou a aparecer de maneira nítida, aliás, proposital, para assegurar a autonomia da ciência e da filosofia. Mas ela não é total. Se tomarmos o exemplo da cosmologia contemporânea, é impossível negar as questões filosóficas que a área suscita. A constituição da matéria, a presença da vida no universo, o surgimento de uma inteligência como a nossa nesse universo tão grande, a dúvidasobre estarmos sozinhos nele... São questões naturais, que se originam da nossa própria capacidade de indagação, tão própria daciência.
Houve uma época em que me dediquei totalmente à física, especialmente ao estudo dos neutrinos, que hoje são famosos, mas naqueles tempos eram novidade. E é lógico que eu me colocava questões de natureza filosófica, que o conhecimento objetivo não me permitia responder. Essa aproximação mais clara entre filosofia e ciência acontece intensamente nas áreas de fronteira, mas tais questionamentos podem surgir em qualquer campo de investigação – e mesmo da atividade humana em geral.

E como se dá, no seu entendimento, a conciliação da criatividade e da intuição com a ciência? Ela é realmente possível?

Sem dúvida é possível e necessário conciliar criação científica, racionalidade e objetividade. Um conceito científico considerado numa teoria não é isolado, mas solidário a outros conceitos, forma com eles um conjunto cujas relações são mais ricas do que puramente lógicas. A mudança científica se dá pela transformação do conjunto dos conceitos que fazem parte desse sistema.
O conhecimento avança graças a ampliações daprópria racionalidade, muito mais do que pela pura lógica
A história da ciência deixa ver que tais movimentos não são casuais e têm consistência interna, têm uma razão – justificada posteriormente – ligada à exigência de objetividade. São movidos pela racionalidade e, ao mesmo tempo, têm um lado importante de subjetividade. Cadaagente humano envolvido tem reações únicas na formulação e resolução dos problemas, o que resulta numa diversidade de 'estilos científicos'.
O conhecimento, então, avança graças a ampliações da própria racionalidade, muito mais do que pela pura lógica, pois elas permitem possibilidades inéditas de relacionar os elementos conceituais considerados. É como se mudássemos as regras do jogo: passamos a enxergar de forma racional o que antes era impensável, hipotético ou pertencia de forma vaga ao campo de ideologias. As mudanças no entendimento do mundo e na própria ciência despertam a intuição racional, que pode ser concebida como uma visão sintética intelectual dos cientistas daquela época para outras possibilidades, que levam a novas descobertas. 

Essa valorização da criatividade significa um reforço da figura do gênio, excêntrico, especial, inigualável, tão presente na opinião comum? Na verdade, não. Esse estereótipo do gênio é fruto de uma visão superficial da ciência. Claro, nem todos, mesmo os mais famosos e bem-sucedidos cientistas, eram criativos como Einstein e Poincaré. As descobertas estão ligadas também a outros fatores, como o pioneirismo num campo ou a momentos sociais bem aproveitados pelo pesquisador. Precisamos tomar cuidado para não cair em certo ‘relativismo’ e ‘reducionismo’ sociológico a respeito do pensamento científico, mas também é inegável a importância de fatores culturais e sociais de cada época. A ciência do século 21 não teria o aspecto que tem não fosse a sua organização social específica. A pesquisa está inserida na história e na história social, não faz sentido separar homem e sociedade.
Henri Poincaré e Albert Einstein
Em seu tempo, Henri Poincaré e Albert Einstein não só disputaram a paternidadeda Teoria da Relatividade, como também se dedicaram a pensar sobre o papelda intuição e da criatividade na ciência e no processo de descoberta. (fotos: Wikimedia Commons)

Em seu trabalho, o senhor já explorou muito as ideias de Einstein e Poincaré a respeito da criatividade, do estilo científico e do papel da invenção na ciência. Fazendo um paralelo com os dias atuais, qual o papel da criatividade e da invenção na ciência contemporânea? 
A grande dificuldade para responder a essa pergunta está na forma que a pesquisa científica tomou a partir da segunda metade do século 20. No tipo de ciência que temos hoje em domínios importantes, a big science, o trabalho é muito coletivo e as experiências são de alta tecnologia, tanto na física, na química e na astrofísica quanto na biologia e na neurociência. Há uma enorme mobilização de pesquisadores, instituições, equipamentos e recursos. Parece ser mais difícil perceber aqui uma originalidade de contribuição dos pesquisadores tomados individualmente.
Porém, se olharmos os conhecimentos produzidos por esse tipo de pesquisa, eles não deixam de ter a mesma natureza de quando o trabalho científico era mais individual: são exprimidos como formas simbólicas organizadas racionalmente, como conceitos e teorias, que são inteligíveis não para um coletivo, mas para sujeitos individuais. Ou seja, somos levados a pensar que a produção de ideias também continua a ser individual. Não é o meio coletivo e sua tecnologia que as gera, mas o trabalho mental individual dos participantes. E isso acontece de forma variada, com mais ou menos originalidade e criatividade, e certamente com um ritmo mais intenso de trocas de ideias entre os pesquisadores, de assimilações e de transformações.

Mas há, sem dúvida, um impacto do trabalho coletivo. 
Sim, e há eventualmente um reverso da medalha, que seria a eliminação de ideias menos atraentes pela maioria, direções de pesquisas que são, ao menos provisoriamente, esquecidas. Num regime mais individual e lento, essas ideias tinham mais tempo para maturação. O risco aqui é que certo conformismo leve a privilegiar exageradamente uma das direções possíveis. Isso pode ser constatado na minha antiga linha de estudo, a física das partículas, na procura de teorias unificadas onde muitos jovens optam pela mesma direção de pesquisa – aliás, favorecida pelos critérios sociais que orientam as carreiras de pesquisador. É sem dúvida um assunto complexo que merece estudo adequado.
Cern
Embora na ciência contemporânea o trabalho coletivo se destaque, com uma enorme mobilização de pesquisadores, instituições, equipamentos e recursos, a produção de ideias continua a ser individual e permeada por maior ou menor originalidade e criatividade. (foto: Cern)

Nesse contexto, a filosofia da ciência tem dedicado a atenção que deveria ao processo criativo na ciência?De maneira predominante, desde a segunda metade do século 20, afilosofia da ciência se desinteressou do processo criativo do pensamento científico e o rumo atual da pesquisa socializada não vai ajudar muito a retomar esse tema. Mas acredito que os criadores com ideias originais, mais sensíveis a respeito da natureza do pensamento científico e da forma como ele é capaz de reinventar o mundo e incorporá-lo à cultura dos homens, vão continuar a contribuir com suas reflexões nessa área, como fizeram Poincaré e Einstein em seu tempo. E espero que os filósofos da ciência se abram mais a essa dimensão, levando em conta a realidade da ciência tal como ela é e se apresenta.

Além de físico e filósofo, o senhor já atuou como divulgador daciência. Qual o papel da divulgação e da educação científicas na nossa sociedade?
A educação e a comunicação científicas são fundamentais para que possamos problematizar os avanços atuais. É preciso promover essa reflexão lúcida e crítica sobre o conhecimento
Como disse, mais do que nunca a ciência impacta diretamente a cultura, a tecnologia e a sociedade, e isso não pode ser ignorado. A educação e a comunicação científicas são fundamentais para que possamos problematizar os avanços atuais. Essa é uma responsabilidade de todos nós. Os cientistas, filósofos, historiadores e sociólogos da ciência precisam promover essa reflexão lúcida e crítica sobre o conhecimento. O conhecimento científico está centrado na racionalidade, visa à objetividade e, por isso, tem vocação à universalidade, pode ser entendido por qualquer um, em princípio. As gerações que estão por vir dependem disso e a miséria e outros fatores que impedem essa disseminação são crimes contra a humanidade.
Uma questão importante é que a divulgação científica nem sempre é bem feita. Se o objetivo é apenas maravilhar o público, isso não necessariamente aproxima a ciência de suas vidas. É preciso que ela seja uma divulgação crítica, que se indague, que estimule a curiosidade e que ensine os porquês das coisas, desfazendo a imagem dogmática da ciência. Outro aspecto que precisa ser problematizado e abordado é que a ciência e a tecnologia no mundo atual estão integradas num sistema econômico e social específico, o que tem suas consequências.

De fato alguns dos mercados mais lucrativos do mundo hoje envolvem diretamente produtos tecnológicos... Sem dúvida. Primeiro temos que considerar que o acesso à tecnologia ainda é regido por fatores econômicos e a tecnologia não é para todos. Além disso, vamos pensar nas regras que orientam esse mercado, nas motivações que norteiam o desenvolvimento de novos produtos: será que elas se baseiam no esforço pelo avanço da ciência ou no lucro, na concorrência selvagem, responsável por muitos de nossos problemas atuais? O conhecimento sobre a natureza nos dá o poder de transformá-la, mas como orientar esse poder para o bem dahumanidade, e não para o lucro de uma minoria? É, sem dúvida, uma questão atual, de grande importância social e ética.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Neil deGrasse Tyson X Philosophy of Science

Neil deGrasse Tyson and the value of philosophy

Fonte: http://scientiasalon.wordpress.com/2014/05/12/neil-degrasse-tyson-and-the-value-of-philosophy/
1-12-14-Neil-deGrasse-Tyson-inside-alternate-ftr





It seems like my friend Neil deGrasse Tyson [1] has done it again: he has dismissed philosophy as a useless enterprise, and actually advised bright students to stay away from it. It is not the first time Neil has done this sort of thing, and he is far from being the only scientist to do so. But in his case the offense is particularly egregious, for two reasons: first, because he is a highly visible science communicator; second, because I told him not to, several times.
Let’s start with the latest episode, work our way back to a few others of the same kind (to establish that this is a pattern, not an unfortunate fluke), and then carefully tackle exactly where Neil and a number of his colleagues go wrong. But before any of that, let me try to halt the obvious objection to this entire essay in its tracks: no, this isn’t about defending “my” turf, for the simple reason that both philosophy and science are my turf [2]. I have practiced both disciplines as a scholar/researcher, I have taught introductory and graduate level classes in both fields, and I have written books about them both. So, while what follows inevitably will unfold as a defense of philosophy (yet again! [3]), it is a principled defense, not a petty one, and it most certainly doesn’t come from any kind of science envy.
Neil made his latest disparaging remarks about philosophy as a guest on the Nerdist podcast [4], following a statement by one of the hosts, who said that he majored in philosophy. Neil’s comeback was: “That can really mess you up.” The host then added: “I always felt like maybe there was a little too much question asking in philosophy [of science]?” And here is the rest of the pertinent dialogue:
dGT: I agree.
interviewer: At a certain point it’s just futile.
dGT: Yeah, yeah, exactly, exactly. My concern here is that the philosophers believe they are actually asking deep questions about nature. And to the scientist it’s, what are you doing? Why are you concerning yourself with the meaning of meaning?
(another) interviewer: I think a healthy balance of both is good.
dGT: Well, I’m still worried even about a healthy balance. Yeah, if you are distracted by your questions so that you can’t move forward, you are not being a productive contributor to our understanding of the natural world. And so the scientist knows when the question “what is the sound of one hand clapping?” is a pointless delay in our progress.
[insert predictable joke by one interviewer, imitating the clapping of one hand]
dGT: How do you define clapping? All of a sudden it devolves into a discussion of the definition of words. And I’d rather keep the conversation about ideas. And when you do that don’t derail yourself on questions that you think are important because philosophy class tells you this. The scientist says look, I got all this world of unknown out there, I’m moving on, I’m leaving you behind. You can’t even cross the street because you are distracted by what you are sure are deep questions you’ve asked yourself. I don’t have the time for that. [Note to the reader: I, like Neil, live and work in Manhattan, and I can assure you that I am quite adept at crossing the perilous streets of the metropolis.]
interviewer [not one to put too fine a point on things, apparently]: I also felt that it was a fat load of crap, as one could define what crap is and the essential qualities that make up crap: how you grade a philosophy paper? [5]
dGT [laughing]: Of course I think we all agree you turned out okay.
interviewer: Philosophy was a good Major for comedy, I think, because it does get you to ask a lot of ridiculous questions about things.
dGT: No, you need people to laugh at your ridiculous questions.
interviewers: It’s a bottomless pit. It just becomes nihilism.
dGT: nihilism is a kind of philosophy.
The latter was pretty much the only correct observation about philosophy in the whole dialogue, as far as I can tell.
As I mentioned above, this isn’t the first time Neil has said things like this. For instance, during the q&a with the audience following one of his many (and highly enjoyable) public appearances [6], he was asked by a spectator: “would you rather die now or live forever?” To which his somewhat condescending reply was: “I never believe that the options available to a creative person are ever limited by the choices offered by a philosopher.” Which may be a very sophistic way of just not answering the question.
There is more: during a conversation with Richard Dawkins (another frequent offender), Neil was asked a question from the audience about philosophy of science and Stephen Hawkins’ declaration that philosophy is dead [7].
Here is Neil’s reply, in full:
“Up until early 20th century philosophers had material contributions to make to the physical sciences. Pretty much after quantum mechanics, remember the philosopher is the would be scientist but without a laboratory, right? And so what happens is, the 1920s come in, we learn about the expanding universe in the same decade as we learn about quantum physics, each of which falls so far out of what you can deduce from your armchair that the whole community of philosophers that previously had added materially to the thinking of the physical scientists was rendered essentially obsolete, and that point, and I have yet to see a contribution — this will get me in trouble with all manner of philosophers — but call me later and correct me if you think I’ve missed somebody here. But, philosophy has basically parted ways from the frontier of the physical sciences, when there was a day when they were one and the same. Isaac Newton was a natural philosopher, the word physicist didn’t even exist in any important way back then. So, I’m disappointed because there is a lot of brainpower there, that might have otherwise contributed mightily, but today simply does not. It’s not that there can’t be other philosophical subjects, there is religious philosophy, and ethical philosophy, and political philosophy, plenty of stuff for the philosophers to do, but the frontier of the physical sciences does not appear to be among them.”
Well, Neil, consider this your follow-up call, just as you requested. Not that you didn’t get several of those before. For instance, even fellow scientist and often philosophy-skeptic Jerry Coyne pointed out that you “blew it big time” [8] when you disinvited philosopher David Albert from an event you had organized at the American Museum of Natural History, and that originally included a discussion between Albert and physicist Lawrence Krauss (yet another frequent philosophy naysayer [9]). Moreover, when you so graciously came to the book launch for my Answers for Aristotle a couple of years ago, you spent most of the evening chatting with a number of graduate students from CUNY’s philosophy program, and they tried really hard to explain to you how philosophy works and why you had a number of misconceptions about it. To no avail, apparently.
So here we are again, time to set you straight once more. This, of course, is not just because I like you and because I think it is in general the right thing to do. It is mostly, frankly, because someone who regularly appears on The Daily Show and the Colbert Report, and has had the privilege of remaking Carl Sagan’s iconic Cosmos series — in short someone who is a public intellectual and advocate for science — really ought to do better than to take what amounts to anti-intellectual (and illiterate) positions about another field of scholarship. And I say this in all friendship, truly.
Since I’m sure this sort of accident will happen again in the future (whether at your hand or someone else’s), I figured I’d present my case as I would in a classroom, as a series of bullet points to keep handy any time someone  asks you again to comment about philosophy. So here we go:
  • Contra popular perception, philosophy makes progress, though it does so in a different sense from progress in science. You can think of philosophy as an exploration of conceptual, as opposed to empirical, space, concerning all sorts of questions ranging from ethics to politics, from epistemology to the nature of science. Imagine a highly dimensional landscape of ways of thinking about a given question (such as: do scientific theories describe the world as it is, or should we think of them rather as simply being empirically adequate? [10]). The philosopher explores that landscape by constructing arguments, entertaining counter-arguments, and either discarding or refining a certain view. The process does not usually lead to one final answer (though it does eliminate a number of bad ones), because conceptual space is much broader than its empirical counterpart, which means that there may be more than one good way of looking at a particular question (but, again, also a number of bad ways). Progress, then, consists in identifying and “climbing” these peaks in c-space. If you’d like, I’ll send you the draft of a book I’m finishing for Chicago Press that expands on this way of looking at philosophy, provides a number of specific examples, and compares and differentiates progress in philosophy from progress in a number of allied disciplines, including science, mathematics and logic.
  • Another popular myth is that philosophy keeps dwelling on the same questions, the implication being that, again, it doesn’t settle anything and consequently cannot move on to something else. But if “the same questions” are defined broadly enough, we can raise the very same criticism about science itself. I mean, your own profession of cosmology has been dwelling on “the same question” (the origin and evolution of the universe) since the pre-Socratic atomists (philosophers, by the way). And my discipline of biology has been concerned with the nature of adaptation since Aristotle’s (another philosopher!) articulation of his four fundamental causes. I’m not being flippant here, truly. Of course there are plenty of more specific sub-questions in cosmology (or evolutionary biology), some of which have indeed been settled; and of course we have made tremendous progress on the broader picture as well (usually, by settling some of the sub-questions). But the same — at a different scale and within a different time frame — can be said of philosophy, or mathematics, or logic.
  • You and a number of your colleagues keep asking what philosophy (of science, in particular) has done for science, lately. There are two answers here: first, much philosophy of science is simply not concerned with advancing science, which means that it is a category mistake (a useful philosophical concept [11]) to ask why it didn’t. The main objective of philosophy of science is to understand how science works and, when it fails to work (which it does, occasionally), why this was the case. It is epistemology applied to the scientific enterprise. And philosophy is not the only discipline that engages in studying the workings of science: so do history and sociology of science, and yet I never heard you dismiss those fields on the grounds that they haven’t discovered the Higgs boson. Second, I suggest you actually look up some technical papers in philosophy of science [12] to see how a number of philosophers, scientists and mathematicians actually do collaborate to elucidate the conceptual and theoretical aspects of research on everything from evolutionary theory and species concepts to interpretations of quantum mechanics and the structure of superstring theory. Those papers, I maintain, do constitute a positive contribution of philosophy to the progress of science — at least if by science you mean an enterprise deeply rooted in the articulation of theory and its relationship with empirical evidence.
  • A common refrain I’ve heard from you (see direct quotes above) and others, is that scientific progress cannot be achieved by “mere armchair speculation.” And yet we give a whole category of Nobels to theoretical physicists, who use the deductive power of mathematics (yes, of course, informed by previously available empirical evidence) to do just that. Or — even better — take mathematics itself, a splendid example of how having one’s butt firmly planted on a chair (and nowhere near any laboratory) produces both interesting intellectual artifacts in their own rightand an immense amount of very practical aid to science. No, I’m not saying that philosophy is just like mathematics or theoretical physics. I’m saying that one needs to do better than dismiss a field of inquiry on the grounds that it is not wedded to a laboratory setting, or that its practitioners like comfortable chairs.
  • Finally, Neil, please have some respect for your mother. I don’t mean your biological one (though that too, of course!), I am referring to the intellectual mother of all science, i.e., philosophy. As you yourself seem to have a dim perception of (see your example of Newton), one of the roles of philosophy over the past two and half millennia has been to prepare the ground for the birth and eventual intellectual independence of a number of scientific disciplines. But contra what you seem to think, this hasn’t stopped with the Scientific Revolution, or with the advent of quantum mechanics. Physics became independent with Galileo and Newton (so much so that the latter actually inspired David Hume and Immanuel Kant to do something akin to natural philosophizing in ethics and metaphysics); biology awaited Darwin (whose mentor, William Whewell, was a prominent philosopher, and the guy who coined the term “scientist,” in analogy to artist, of all things); psychology spun out of its philosophical cocoon thanks to William James, as recently (by the standards of the history of philosophy) as the late 19th century. Linguistics followed through a few decades later (ask Chomsky); and cognitive science is still deeply entwined with philosophy of mind (see any book by Daniel Dennett). Do you see a pattern of, ahem, progress there? And the story doesn’t end with the newly gained independence of a given field of empirical research. As soon as physics, biology, psychology, linguistics and cognitive science came into their own, philosophers turned to the analysis (and sometimes even criticism) of those same fields seen from the outside: hence the astounding growth during the last century of so called “philosophies of”: of physics (and, more specifically, even of quantum physics), of biology (particularly of evolutionary biology), of psychology, of language, and of mind.
I hope you can see, dear Neil, that it isn’t just that there are more things in heaven and earth than are dreamt of in our philosophy, but also that there is more active, vigorous, interesting, and intellectually respectable philosophy to be explored than you and some of your colleagues have been able to dream of so far. Please, keep that in mind the next time someone asks you about it. Or ask them to give me a call.
Postscript: I sent a preview of this essay to Neil, and a frank, civil email exchange has followed it over the past few days. However, I’m afraid neither one of us has really conceded an inch to the other’s position. We’ll see if we can do better in person over a couple of drinks.
As for a possible reply from Neil, I have, of course, invited him to submit one. Here is his reply, verbatim: “I generally reply to things if, and only if, they are writing about something that I judge to be untrue about me, or that they have misunderstood about what I have said. Neither is the case with you.”
_____
Massimo Pigliucci is a biologist and philosopher at the City University of New York. His main interests are in the philosophy of science and pseudoscience. He is the editor-in-chief of Scientia Salon, and his latest book (co-edited with Maarten Boudry) is Philosophy of Pseudoscience: Reconsidering the Demarcation Problem (Chicago Press).
[1] Whom I interviewed twice for the Rationally Speaking podcast: once on the value of space exploration, the second time on the meaning of atheism.
[2] For a rundown of my dual academic career, go to PlatoFootnote.org.
[3] See the wonderful book by one of Scientia Salon contributors, Rebecca Goldstein: Plato at the Googleplex: Why Philosophy Won’t Go Away.
[4] The relevant bits start at 20’ 19” into the show.
[5] Speaking of philosophy and crap, please do yourself a favor and read the wonderful On Bullshit, by (philosopher) Harry G. Frankfurt.
[6] Here is the clip.
[7] Starts at 1hr 2’ 46” or thereabouts.
[8] Jerry Coyne on Neil deGrasse Tyson.
[9] On Krauss, also a Rationally Speaking podcast guest, see twoessays I wrote for the Rationally Speaking blog.
[10] This is known as the realism-antirealism debate in philosophy of science. A good introduction can be found at the Stanford Encyclopedia of Philosophy.
[11] On the idea of category mistakes.
[12] Excellent sources include the journals Philosophy of Science, published by Chicago Press, and The British Journal for the Philosophy of Science, published by Oxford. I’m willing to bet one of your favorite drinks, hot chocolate with double whipped cream, that you’ve never actually perused either one of them. If I win, you buy me a dirty martini.

domingo, 29 de junho de 2014

Epistemologia, Fenomenologia, Filosofia da Linguagem, Filosofia da Ciência, Hermenêutica, Filosofia da Natureza, Metodologias de Pesquisa

Bibliografias & Ementas em:

Epistemologia, Fenomenologia, Filosofia da Linguagem, Filosofia da Ciência, Hermenêutica, Filosofia da Natureza, Metodologias de Pesquisa


Fonte:
http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/fenomenologia/index.php?item=conteudo_ementas.php



Tópicos em Epistemologia I (30 horas)
A disciplina volta-se para a análise da epistemologia ao longo da História da filosofia, tendo em vista que as questões relacionadas ao sujeito e objeto, ao conhecimento e a verdade são centrais para a investigação filosófica. Nesse sentido, a determinação da natureza, dos limites e dos meios para que possamos atingir o conhecimento bem como a demarcação do que é mera opinião e o que é efetivamente conhecimento devem ser centrais, sem perder de vista que o interesse pelo conhecimento não é certamente exclusividade dos filósofos.
Bibliografia
ARISTÓTELES. Obras. Trad. Francisco de P. Samaranch. Madrid: Aguilar, 1973.
BRÉHIER, E. História da Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1978.
CHISHOLM, Roderick. Teoria do conhecimento. Trad. Álvaro Cabral. 2. ed. R. de Janeiro: Zahar, 1974.
DANCY, Jonathan. Epistemologia contemporânea. Trad. Teresa Louro Pérez. R. de Janeiro: Edições 70, S/D.
DESCARTES, René. Meditações. In. Coleção Os pensadores. Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Junior. 3. ed. S. Paulo: Abril Cultural, 1983.
ESPINOSA, Baruch de. Tratado da correção do intelecto. In. Coleção Os pensadores. Trad. Carlos Lopes de Mattos. 3. ed. S. Paulo: Abril Cultural, 1983.
FELDMAN, Richard. Epistemology. Upper Saddle River, New Jersey: Prentice-Hall, 2003.
GETTIER, Edmund. É a crença verdadeira justificada conhecimento?. In. < http://criticanarede.com/html/epi_gettier.html> . acesso em 26/08/2011. ISSN 1749-8457.
GRECO, John; SOSA, Ernest.(Org). Compêndio de Epistemologia. Trad. Alessandra S. Fernades e Rogério Bettoni. S. Paulo: Loyola, 2008.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os Pensadores)
______. Tratado da natureza humana. São Paulo: Imprensa Oficial SP/Editota UNESP, 2001.
KANT, I. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os Pensadores)
LEBRUN, G. Kant e o fim da metafísica. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2002.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores)
MICHAUD, I. Locke. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
MONTEIRO, J. P. Novos estudos humeanos. São Paulo: Discurso Editorial, 2003.
NORRIS, Christopher. Epistemologia: conceito chave em filosofia. Trad. Felipe Rangel Elizalde. Porto Alegre: Artmed, 2007.
PLATÃO. Teeteto. Trad.Carlos Alberto Nunes. 3. ed. Belém: EDUFPA,2001.
PLATÃO. Mênon. Trd. Maura Iglésias.. 2. ed. Rio de Janeiro: Loyola, 2001.
POPKIN, R. História do ceticismo: de Erasmo a Spinoza. Rio de Janeiro: Ed. Francisco Alves, 2000.
RUSSELL, B. História do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
_______. Os Problemas da filosofia. Trad. Jaimir Conte. Florianópolis: 2005.
VERGEZ, A. David Hume. Lisboa: Edições 70, 1984.




Tópicos em Epistemologia II (30 horas)
A construção do conhecimento científico pressupõe, como um de seus problemas centrais, a garantia da obtenção da verdade. Nesse sentido, sob um determinado ponto de vista, não cabe à ciência um discurso que afirme o que as coisas são, mas como e por que elas são. Se essa é a tarefa que se lhe impõe, então é preciso que ela demonstre aquilo que afirma. O caráter demonstrativo do conhecimento científico mantém, portanto, uma íntima relação com a exigência da verdade. A presente disciplina visa investigar esses dois aspectos verificando como os mesmos são discutidos sob o prisma da epistemologia.
Bibliografia
BRÉHIER, E. História da Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1978.
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Os Pensadores)
______. Tratado da natureza humana. São Paulo: Imprensa Oficial SP/Editota UNESP, 2001.
KANT, I. Crítica da Razão Pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Os Pensadores)
LEBRUN, G. Kant e o fim da metafísica. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2002.
LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores)
MICHAUD, I. Locke. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1991.
MONTEIRO, J. P. Novos estudos humeanos. São Paulo: Discurso Editorial, 2003.
POPKIN, R. História do ceticismo: de Erasmo a Spinoza. Rio de Janeiro: Ed. Francisco Alves, 2000.
RUSSELL, B. História do pensamento ocidental. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
VERGEZ, A. David Hume. Lisboa: Edições 70, 1984.



Tópicos em Fenomenologia I (30 horas)
A fenomenologia transcendental foi constituída fundamentalmente a partir da idéia de consciência. O modelo teórico, o método de reflexão e a idéia de racionalidade nela presente remetem a uma teoria da consciência, mesmo que por uma abordagem renovada — “retorno às coisas mesmas” —, onde não é mais o ponto de vista do sujeito que conta primeiro. Partindo dessa filosofia, tratar-se-á de delinear, então, as bases para uma verdadeira articulação entre fenomenologia e existência, eliminando, com isso, as rupturas entre o vivido e o pensado, que não compõem dois mundos diferentes, tratando-se de um mesmo universo a desvelar; dirigindo o interesse da filosofia para o conhecimento direto da realidade vivida, ponto de partida para todos os outros conhecimentos.
Bibliografia
FABRI, M. Desencantando a ontologia: subjetividade e o sentido ético em Lévinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1997.
LÉVINAS, E. Descobrindo a existência com Husserl e Heidegger. Portugal: Instituto Piaget, s/d.
LUIJPEN, W. A. M. Introdução à fenomenologia existencial. Trad. Carlos L. de Matos. São Paulo: EPU/Ed. da USP, 1973.
MERLEAU-PONTY, M. O visível e o invisível. Trad. José A. Gianotti. São Paulo: Perspectiva, 1992.
______. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos A. Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MUÑOZ, J. A. A. La antropologia fenomenológica de Merleau-Ponty. Madrid: Editorial Fragua, 1975.
PAISANA, J. Fenomenologia e hermenêutica: a relação entre as filosofias de Husserl e Heidgger. Lisboa: Editorial Presença, 1992.
PELIZZOLI, M. L. A relação ao outro em Husserl e Lévinas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994.





Tópicos em Fenomenologia II (30 horas)
A disciplina objetiva trabalhar com o tema do conhecimento e do discurso científicos, entendidos na condição de produtos e bens culturais, os quais, na contextura de um comércio intersubjetivo, tomam parte nas reflexões da fenomenologia, que foi e continua a ser uma meditação sobre o conhecimento, um conhecimento do conhecimento. Sendo assim, a questão da relação intersubjetiva, enquanto campo de formação da cultura e do saber em geral, especialmente da filosofia, deverá ser estudada a partir, sobretudo, dos textos husserlianos.
Bibliografia
BICUDO, M. A. V. Fenomenologia: confrontos e avanços. São Paulo: Cortez, 2000.
DARTIGUES, A. O que é fenomenologia? São Paulo: Editora Moraes, 1992.
HUSSERL, E. A crise da humanidade européia e a filosofia. Porto Alegre: Edipuers, 1996.
______. A idéia de fenomenologia. Lisboa: Edições 70.
______. Expérience et jugement: recherches en vue d’une généalogie de la logique. Paris: Presses Universitaires de France, 1970.
______. Investigaciones lógicas. Madrid: Revista de Occidente, 1976.
______. L’ idea di Europa. Trad. Corrado Sinigafia. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1999.
______. Lições para uma fenomenologia da consciência interna do tempo. Trad.: Pedro M. S. Alves. Casa da Moeda: Imprensa Nacional.
______. Meditaciones cartesianas. México: Fondo de Cultura Econômica, 1986.
______. Problemas fundamentales de la fenomenologia. Madrid: Alianza Editorial, 1994.
KELKEL, A. L. & SCHÉRER, R. Husserl. Lisboa: Edições 70, 1982.
MOURA, C. A. R. Crítica da razão na fenomenologia. São Paulo: Nova Stella/EDUSP, 1989.
RIBEIRO JÚNIOR, J. Introdução à fenomenologia. Campinas: Edicamp, 2003.
WALDENFELS, B. De Husserl a Derrida – introdocción a la fenomenologia. Barcelona: Paidós, 1992.
ZITKOSKI, J. J. O método fenomenológico de Husserl. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1994.





Filosofia da Linguagem (30 horas)
A linguagem na filosofia contemporânea não aparece mais como uma das possibilidades de temas de investigação filosófica, mas emerge como cerne da própria maneira de se pensar a natureza da filosofia. Para compreender o alcance da “virada linguística” na filosofia contemporânea, é necessário: (i) entender como a linguagem desemboca no cenário filosófico como tema central, (ii) compreender diante desta nova situação, a busca por novos métodos filosóficos. A análise do contexto no qual se coloca a discussão acerca do problema da linguagem, a saber, no final do século XIX e início do século XX, torna-se, então, essencial para observar as consequências que essa discussão coloca para a filosofia contemporânea. Diante da análise deste período, notar-se-á o significado da crítica da metafísica a partir de uma crítica da linguagem, que de certa forma se coloca como uma crítica à filosofia tradicional, abrindo caminho para um novo paradigma na filosofia: o paradigma da linguagem na filosofia contemporânea. Neste sentido, a filosofia da linguagem orienta-se nas duas principais posturas filosóficas acerca da linguagem contemporânea: a vertente lógico-formal e a vertente pragmática. Desta forma, salientar quais as discussões pertinentes a estas duas vertentes, seus argumentos, seus métodos e, assinalar os pontos em comum e as diferenças fundamentais, constitui-se fundamental para a filosofia da linguagem.
Bibliografia
APEL, Karl-OttoTransformação da Filosofia 1: filosofia analítica, semiótica, hermenêutica. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
_____.  Transformação da Filosofia 2: o a priori da comunidade de comunicação.  São Paulo: Loyola, 2000.
BRITO, Emidio Fontenele de; CHAGAS, Luiz Harderig. Filosofia e Método. São Paulo: Loyola, 2002.
FANN, K.T. El Concepto de Filosofia en Wittgenstein. Madrid: Editoral Tecnos S.A, 1975.
FREGE, G. Lógica e filosofia da linguagem. 2. ed.São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2009.
FREGE, G. Sobre o Sentido e a Referência. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (Coleção Os Pensadores)
FREGE, G. O pensamento: uma investigação lógica In: Cadernos de História e Filosofia da Ciência. Campinas, Série 3, v.8, n.1, p.177-208, jan-jun, 1998.
GARGANI, Aldo G. Wittgenstein. Lisboa: Portugal. Edições 70, 1973.
GLOCK, Hans-Johann. Dicionário Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
HACKER, P.M.S. Wittgenstein: sobre a natureza humana. São Paulo: Editora  UNESP, 2000.
MEDINA, José. Linguagem: conceitos chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2007. 
MEYER, Michel. Lógica, Linguagem e argumentação. Lisboa: Editorial Teorema, 1992.
MONK, Ray. Wittgenstein: o dever do gênio. São Paulo: Companhia da Letras, 1995.
MORENO, A. Wittgenstein: os labirintos da linguagem. São Paulo: Moderna, 2000.
OLIVEIRA, Manfredo Araújo de. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo: Loyola, 1996.
PEARS, David. As ideias de Wittgenstein. São Paulo: Cultrix, 1973.
STEGMÜLLER, Wolfgang. A Filosofia Contemporânea. Volume 2. São Paulo: Ed da Universidade de São Paulo, 1977.
TUGENDHAT, Ernest. Reflexões sobre o método da filosofia do ponto de vista analítico. In PROBLEMATA, João Pessoa. UFPB, Programa de Pós Graduação em Filosofia, v.1, n.1.
WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações Filosóficas. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1999.
_____. Tractatus Logicos-Philosophicus. São Paulo: EDUSP, 2001.




Temas e problemas em Filosofia da Ciência  (30 horas)
As contribuições do positivismo lógico e, por outro lado, o debate protagonizado por Popper, Kuhn e os partidários de cada um desses autores, conferem à presente disciplina o cenário no qual serão discutidos alguns temas e problemas centrais na Filosofia da Ciência, quais sejam: a verdade como objetivo da ciência, a indução como fundamento do conhecimento científico, os critérios de demarcação entre ciência e pseudociência, as regras de aceitação e rejeição de teorias científicas, o debate entre realismo e relativismo, o contexto social do conhecimento científico.
Bibliografia
AYER, A. J. El positivismo lógico. México: Fondo de Cultura Economica, 1986.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1997.
DUHEM, P. Algumas reflexões acerca da física experimentalCiência e Filosofia, nº 4, 1989, p. 41-62.
______. Física e MetafísicaCiência e Filosofia, nº 4, 1989, p. 41-62.
FEYERABEND, P. Contra o método. Rio de Janeiro: Ed. Francisco Alves, 1977.
HEGENBERG, L. Explicações científicas: introdução à filosofia da ciência. São Paulo: E.P.U., 1973.
HEMPEL, C. G. Filosofia da ciência natural. Rio de Janeiro: Zahar, 1974.
KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo, Perspectiva, 1991.
LACEY, H. Valores e atividade científica. São Paulo: Discurso Editorial,1998.
MORGENBESSER, S. Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix.
POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1993.




Metodologia da Pesquisa e Investigação Filosófica I  (30 horas)
Adquirir habilidades investigativas pressupõe o domínio de técnicas ligadas à capacidade de interpretar e produzir textos, realizar leituras, resumos, resenhas, artigos científicos e elaborar projetos de pesquisa. A aquisição e internalização das habilidades referidas conduzirão ao alcance da meta mais significativa do curso: produzir um trabalho monográfico. Para viabilizar o alcance das pretensões explicitadas, faz-se necessário que a disciplina, a partir de uma discussão sobre a problemática do conhecimento, ofereça subsídios para a compreensão e utilização dos métodos e técnicas da investigação na filosofia, aplicando-as na formatação, tanto do projeto de pesquisa, quanto no trabalho de final de curso.
Bibliografia
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1995.
BAUER, M. W. & GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e somPetrópolis: Vozes, 2002.
BRITO, E. F. & CHANG, L. H. Filosofia e método. São Paulo: Loyola, 2002.
COSSUTA, F. Elementos para a leitura dos textos filosóficos. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
FERNANDES, A., GUIMARÃES, F. R. & BRASILEIRO, M. C. E. O fio que une as pedras: a pesquisa interdisciplinar na pós-graduação. São Paulo: EDUEP/Biruta, 2002.
MONDOLFO, R. Problemas e métodos de investigação na história da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1969.
NASCIMENTO, D. M. do. Metodologia científica: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
SEVERINO, A. J. & FAZENDA, I. C. A. Conhecimento, pesquisa e educação. Campinas: Papirus, 2001.
TIERNO, B. As melhores técnicas de estudo. São Paulo: Martins Fontes, 2003.




Hermenêutica (30 horas)
A disciplina visa apresentar e discutir as origens da hermenêutica; a hermenêutica como método, como filosofia e como crítica; conceitos fundamentais da hermenêutica; a hermenêutica e as ciências; hermenêutica, ontologia e metafísica.
Bibliografia
BLEICHER, Josef. Hermenêutica Contemporânea. Col. Saber Filosófico. Lisboa: Edições 70, sd.
DILTHEY, W. Origem da Hermenêutica In: MAGALHÃES, R. Textos de Hermenêutica. Porto: Rés, sd.
GADAMER, Hans-Georg. Verdade e Método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Petrópolis: Vozes, 1997.
______. O problema da Consciência Histórica. Organizador: Pierre Fruchon. Tradução Paulo César Duque Estrada. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1998.
______. Sobre o circulo da Compreensão. In: Hermenêutica Filosófica: nas trilhas de H-G Gadamer. Porto Alegre: EDIPUCRS.
GRONDIM, Jean. Introdução à Hermenêutica. Trad. Breno D. São Leopoldo: Ed. UNISINOS, 1999.
HEIDEGGER, Martin. Ser e Tempo. Trad. Márcia de S. C. Petrópolis: Vozes, 2001.
REIS, Robson Ramos e ROCHA, Ronai Pires da.(Org.). Filosofia Hermenêutica. Santa Maria, RS: UFSM, 2000.
SCHELEIERMACHER, F. D. E. Hermenêutica: Arte e técnica da interpretação. 3. ed. Pensamento humano. Petrópolis: Vozes, 2001.
VELOSO, Rita de Cássia Lucena. A questão do método da hermenêutica filosófica de H-G Gadamer. In: BRITO, E. F. e CHANG, L. H. (org.). Filosofia e Método. São Paulo: Loyola, 2002.




Filosofia da Natureza (30 horas)
A disciplina está centrada em uma visão histórica da filosofia da natureza, com ênfase na época moderna. História do conceito de natureza, com enfoque na relação entre a ciência e construção das imagens do mundo. A matematização da natureza, o papel da experiência e da observação na construção da ciência moderna.
Bibliografia
ARISTÓTELES. Física I e II. Trad. De L. Angioni. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1999.
BLAY, M. & HALLEUX, R. (Eds.). La science classique XVIe-XVIIIe siècle: dictionnaire critique. Paris: Flammarion: 1998.
BURTT, E. A. As bases metafísicas da ciência moderna. UNB, Brasília, 1983.
CLAVELIN, M. La philosophie naturelle de Galilée. Paris: Armand Colin, 1968.
DIJKSTERHUIS, E. J. The mechanization of the world picture. Trad. de C. Dikshoorn. London: Oxford University Press, 1969.
ÉVORA, F. R. R. A revolução copernico-galileana, 2v. Campinas: CLE-UNICAMP, 1993.
KOYRÉ, Alexandre. Do mundo fechado ao universo infinito. Rio de Janeiro: Forense, 2006.
KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1989.
LENOBLE, R. História da ideia de natureza. Lisboa: Edições 70, 1990.
MOSCHETTI, M. A Unificação do Cosmo: o rompimento de Galileu com a distinção aristotélica entre céu e Terra. Dissertação de Mestrado – UNICAMP, 2002.
_____. “Qual Galileu”. In: Guairacá, 2004, n. 20.
NASCIMENTO, C. A. R. Para ler Galileu Galilei. São Paulo: Nova Stella, 1990.
_____. De Tomás de Aquino a Galileu. Coleção Trajetória 2. Campinas: IFCH/UNICAMP, 1995.
SIMON, G. Sciences et savoir aux XVIe e XVIIe siècles. Paris: Presse universitaires du Septentrion, 1996.




Epistemologia das Ciências Humanas (30 horas)
Distinções e conceitos a partir da epistemologia e do desenvolvimento do conhecimento científico levantando a questão acerca do estatuto específico e da cientificidade (mesmo que por contraste) das ciências humanas e sociais. Problemas epistemológicos das ciências humanas e sociais. Teoria Tradicional e Teoria Crítica. Modernidade e pós-modernidade. Reflexão sobre as ciências humanas e seus objetos: história, economia, sociologia, ciência política e antropologia tendo em conta a especificidade do discurso filosófico.
Bibliografia
FAGES, J. B. Para entender o estruturalismo. Lisboa: Moraes, 1973.
FERNANDES, Florestan (org.). K. Marx, F. Engels: História. In. Coleção Grandes Cientistas Sociais. 3. ed. Vol. 36. São Paulo: Ática, 1989.
FEYERABEND, Paul. Contra o Método. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1977.
FREUD, S. Mal-estar na civilização. São Paulo: Abril Cultural, 1988. (Os Pensadores)
GILES, Thomas. História do Existencialismo e da Fenomenologia. São Paulo: Edusp, 1975, 2 vols.
HABERMAS, Jürgen. Conhecimento e interesse. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1982.
______. La lógica de las ciencias sociales. Madrid: Tecnos, 1990.
HORKHEIMER, Max. “Teoria Tradicional e Teoria Crítica”. In: HORKHEIMER, Max; ADORNO, Theodor. Textos Escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1983. p. 31-68. (Os Pensadores)
JAPIASSU, H. Introdução à epistemologia da Psicologia. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
JAPIASSU, H. Mito da Neutralidade científica. Rio de Janeiro: Imago, 1975.
JAPIASSU, H. Nascimento e Morte das Ciências Humanas. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1978.
KUHN, Thomas. A Estrutura das Revoluções Científicas. São Paulo: Perspectiva, 1996.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 3. ed. Trad. Régis Barbosa e Flávio R. Kothe. Vol. I, Tomo I. São Paulo: Nova Cultural, 1988.
______. Grundrisse. Trad. Mario Duayer e Nélio Schneider. São Paulo: Boitempo, 2011.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Ciências Humanas e Fenomenologia. São Paulo: Saraiva, 1973.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Elogio da Filosofia. Lisboa: Guimarães Ed., 1962. (col. Idéia Nova)
PENHA, João. O que é Existencialismo. São Paulo: Brasiliense, 1982.
POPPER, Karl. A Lógica da Pesquisa Científica. São Paulo: Cultrix, 1985.
______.  A miséria do Historicismo. São Paulo: Cultrix, s/d.
RICOEUR, Paul. O Conflito das Interpretações. Ensaios de Hermenêutica. Rio de Janeiro: Imago, 1978.




Seminários de Pesquisa e Orientação (60 horas)
A disciplina objetiva a orientação das monografias de final de curso. O princípio norteador das atividades a serem desenvolvidas ao longo dos seminários de orientação consiste, por um lado, em oferecer os instrumentos necessários para uma análise crítica e rigorosa dos textos produzidos pelos alunos e, por outro, o intercâmbio das pesquisas em andamento. Nesse sentido, o trabalho a ser empreendido não se esgota no universo individual de cada pesquisa, mas na troca de informações, impressões e idéias entre os participantes do curso. Nessa perspectiva, a apresentação e discussão dos resultados parciais obtidos serão uma das principais tônicas da disciplina.
Bibliografia
ANDRADE, M. M. Como preparar trabalhos para curso de pós-graduação: noções práticas. São Paulo: Editora Atlas, 1997.
ECO, U. Como se faz uma tese. Trad. Gilson C. C. de Souza. São Paulo: Perspectiva, 1989.
NASCIMENTO, D. M. Metodologia do trabalho científico: teoria e prática. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
______. A maravilhosa incerteza: pensar, pesquisar e criar. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
SERAFUNI, M. T. Como escrever textos. Trad. Maria A. B. de Matos. São Paulo: Globo, 2001

http://www.uesc.br/cursos/pos_graduacao/especializacao/fenomenologia/index.php?item=conteudo_ementas.php