quinta-feira, 25 de junho de 2015

O raciocínio matemático e o saber dos índios do Brasil

Resenha


Mapping Time, Space and the Body: Indigenous Knowledge and Mathematical Thinking in Brazil. - 
Ferreira, Mariana K. Leal (2015) 


Series: New Directions in Mathematics and Science Education, Vol. 29. Rotterdam, The Netherlands: SENSE Publishers.

Apresentação : Professor Ubiratan D'Ambrosio
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O livro de Mariana K. Leal Ferreira Mapeamento do tempo, do espaço e do corpo: o raciocínio matemático e o saber dos índios do Brasil é o perfeito antídoto para a concepção de matemática como exercício desencarnado de pensamento abstrato que, apesar de útil e prático, carece de âncoras culturais. Em seis ensaios inspirados na experiência de trabalhar como antropóloga e professora entre os povos indígenas no Brasil, ela mostra ao leitor que formas altamente criativas de raciocínio matemático permeiam a vida das pessoas, a maneira como se relacionam entre si e com o meio ambiente: que os sistemas de troca, com regras moldadas pelas relações sociais, que, embora conflitem com os cálculos habituais do capitalismo de mercado, também se podem combinar a esses cálculos para produzir novos resultados; que a retomada de terras ancestrais depende do mapeamento de uma geografia definida pelo conhecimento xamanístico da ecologia que interliga seres humanos, plantas e animais; que os números, mais do que meros sistemas de contagem, como costumam nos ensinar, podem ainda servir de ponte para os diversos atributos das coisas contadas: vivas ou mortas, humanas ou animais, femininas, masculinas ou neutras.
 
Cada ensaio revela profundo respeito pela natureza criativa do raciocínio matemático indígena: ao tentar compreender esse raciocínio, abrimos uma janela para a cosmologia, para a ecologia e para a sociologia das pessoas que o praticam. Acima de tudo, cada ensaio lança o desafio de abraçar a luta pelos direitos dos povos indígenas no Brasil e alhures, como representado na Declaração de 2007 das Nações Unidas. 
 
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por
James Wiley 
School of Medicine, University of California, San Francisco
(Traducao de Beth Leal Ferreira) 
  
 
Resenha original em inglês
 
Mariana K. Leal Ferreira's book, Mapping Time, Space and the Body: Indigenous Knowledge and Mathematical Thinking in Brazil, is a wonderful antidote to the idea of math at its root is a disembodied exercise in abstract thinking, which though it may be useful and practical, is unmoored from cultural anchors. In six essays drawn from her experience as a teacher and anthropologist among indigenous peoples of Brazil, she shows the reader how highly creative forms of mathematical thinking are universally present among humans and embedded in their relations with each other and with their living environments:  how systems of exchange, with rules shaped by social relations, conflict with the usual calculations of market capitalism, but may also be combined with those calculations to yield new results; how re-possession of ancestral lands depends on mapping a geography defined by shamanic knowledge of an interconnected ecology of humans, plants and animals; how numbers can be more than merely counting systems, as we normally learn them, but link to multiple attributes of the things being counted:  alive or not, human or animal, feminine or masculine or neutral.
 
Each of her essays is infused with a deep respect for the creative nature of indigenous mathematical reasoning: how, in seeking to understand this reasoning, we open a window into the cosmology, ecology and sociology of the people who practice it. Above all, each essay contains a challenge to embrace the struggle for the rights
of indigenous people in Brazil and elsewhere, as represented in the United Nations Declaration of 2007. 

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